nem a morte nem a vida, nem os anjos nem os principados, nem o presente nem o futuro, nem as potestades, nem a altura, nem o abismo, nem qualquer outra criatura
22.9.08
O Dever de Morrer
O tema vai surgindo e desaparecendo, a um ritmo mais ou menos pendular, de modo a que nos vamos habituando a ele, naturalmente, sem a impressão de que nos está a ser imposto, mas com a naturalidade das coisas inevitáveis, como a própria morte.
O que esta notícia tem de diferente é que, ao contrário do que é habitual na apologia deste tipo de soluções – feita com base em “razões humanitárias” – a baronesa Warnock faz a sua proposta a fim de garantir não uma morte digna, mas a sobrevivência do Sistema Nacional de Saúde Inglês (NHS).
Ao que parece, feitas as contas, a aplicação da proposta desta insigne “especialista em filosofia moral” pouparia a partir do ano 2026 ao NHS 35 mil milhões de libras por ano.
A baronesa Warnock avança esta proposta com base num suposto "direito a morrer" de modo a não ser um fardo para “a família e para o estado”, que pode facilmente transformar-se num “dever de morrer”, para não desequilibrar as já periclitantes contas do NHS.
Entre nós, em tempos recentes, no contexto de outras discussões, múltiplas vozes se ergueram contra uma suposta legitimidade de “interromper” vidas humanas por razões sociais e financeiras.
Esta proposta constitui, no fundo, uma transposição expectável desse princípio sinistro ao outro extremo do continuum vital.
Ficam por fazer as contas da poupança que resultaria para o NHS da revogação da actual lei que regula o aborto até às 24 (vinte e quatro) semanas no Reino Unido (excepto na Irlanda do Norte).
6.9.08
Martírio silenciado
Desde o final de Agosto que os cristãos do estado indiano de Orissa têm sido alvo de ataques violentos por parte de extremistas hindus. Cristãos das mais variadas confissões, pastores, padres, freiras, leigos, até alunos de escolas cristãs e doentes internados em hospitais dirigidos por organizações cristãs – alunos e doentes não necessariamente cristãos – foram seviciados, espancados, violados e até imolados por radicais hindus.
As autoridades indianas afirmam tudo ter feito para pôr cobro a estes actos de violência desenfreada e irracional, mas reconhecem a sua impotência perante o multiplicar das ocorrências e a extensão do território onde os crimes foram, e são ainda, perpetrados. Para além da violência sobre pessoas, os radicais hindus demoliram e incendiaram edifícios usados por organizações cristãs e as casas dos fiéis cristãos.
Para além da forte impressão que estes actos em si mesmos provocam, outro dado incomoda sobremaneira: a absoluta ausência de referências a estes episódios nos media nacionais ditos de referência. Não há justificação para este silêncio.
Haver há, mas sobre ela jaz um manto de silêncio ainda mais espesso: a violência sobre cristãos não é notícia porque contradiz uma das teses da mundividência progressista, amplamente veiculada nos media, principal instrumento da implantação dessa mundividência – já não hegemónica mas única – na consciência colectiva nacional, no estrito cumprimento dos planos da revolução cultural gramsciana.
Essa tese diz qualquer coisa como isto: a religião cristã é a religião dos opressores imperialistas, é opressora e imperialista em si mesma, foi razão e instrumento dos mais bárbaros crimes cometidos sobre os povos colonizados, é responsável pelo abandono por parte destes povos das suas religiões tradicionais – intrinsecamente boas – e pelo enfraquecimento das estruturas sociais ancestrais que delas decorriam.
Esta visão – não apenas simplista, mas profundamente equivocada – daquilo que representa a disseminação do cristianismo por todo o mundo, em última análise decorrente de uma absoluta ignorância do que é o cristianismo (e do que são as outras religiões, geralmente idealizadas), está tão amplamente disseminada nos media, está tão profundamente enraizada que qualquer dado que, de algum modo, a contrarie é imediatamente descartado para o cesto das não-notícias, num movimento involuntário de preservação da solidez do sistema. Não se trata de um movimento consciente por parte de alguns jornalistas mal intencionados no sentido de sonegar informação aos seus leitores, ouvintes ou espectadores. É, tão-somente, um mecanismo reflexo de defesa de um organismo vivo, num esforço de sobrevivência.
Ora, um hindu, ou um grupo de hindus – tidos geralmente por pessoas pacíficas, amantes de todos os seres vivos, alguns até vegetarianos porque encaram todos os animais como iguais – de acordo com a tese referida, "não podem" perseguir, espancar, violar, imolar outras pessoas, mesmo que estas pessoas sejam cristãs.
Em suma, como ouvi um padre dizer, os cristãos indianos são duplamente vítimas: da violência física a que vêm sendo submetidos e do silêncio – cobarde de uns e cúmplice de outros – que sobre estes crimes paira.
Deixo hiperligação para uma súmula de algumas destas agressões.
Para além do Persecution.org, podem encontrar-se mais informações sobre esta matéria em Persecution Times.
Publicado por
Luís Lopes Cardoso
2.9.08
Comunismo - História de Uma Ilusão
A RTP 2 transmite esta semana - a semana que antecede a festa do partido do democídio -, entre 3ª e 5ª feira, o documentário em três partes Comunismo - História de Uma Ilusão.
Desta vez o segundo canal da televisão pública não se limitará a passar o primeiro dos três episódios, como fez em Outubro passado para assinalar o nonagésimo aniversário da Revolução de Outubro.
Um documentário a não perder.
De lamentar a hora prevista para a transmissão: 23:25H.
Não seria melhor passar este documentário em horário nobre, em lugar das pepineiras que transmitem entre as 21 e as 22H, inenarráveis documentários de canais de história, discoveries e odisseias?
Seja como for, já é bom que o mostrem na íntegra.
Já agora, a RTP 2 podia fazer com Comunismo - História de Uma Ilusão o mesmo que faz com alguns desses documentários de entreter: retransmiti-lo vezes sem conta.
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