Uma das liberdades que não é contestada na nossa sociedade é a liberdade religiosa.
No ocidente qualquer pessoa pode praticar a sua fé, dentro do respeito pelas leis civis, e pode falar livremente dela a quem o quiser ouvir.
Para além de usufruírem de plena liberdade de culto e de ensino e de acção prosélita, algumas religiões parecem gozar de um privilégio especial de reserva a respeito de alguns pontos sensíveis das suas respectivas crenças, que levam jornalistas, académicos e, inclusive, artistas a tomar atitudes de notável contenção em ordem a não ofender determinadas sensibilidades.
Ora, se procurarmos nos países onde o Islão é maioritário e dita a lei o que se entende por "liberdade religiosa", encontraremos um conceito bem diferente:
«(...) when a Muslim speaks of religious freedom, what he means is the right of a Christian woman to marry a Muslim man and to remain a Christian thereafter.»
E já que este assunto se cruza com uma matéria muito discutida (e distorcida) por cá, nos últimos tempos, podemos também destacar da mesma entrevista ao Bispo da Arábia, Paul Hinder,
originalmente publicada na revista suiça Die Weltwoche, da qual
o Pajamas Media publica uma tradução para inglês, cuja leitura integral se recomenda:
«(...)we also have to ask how matters stand as regards a Christian man who marries a Muslim woman. He also automatically becomes a Muslim. He is not even asked if this is what he wants.»
Esta plasticidade no sentido atribuído à expressão "liberdade religiosa", ora para uso islâmico no Ocidente, ora para uso sobre outras religiões no Islão, recorda-me uma outra noção muito cultivada nos dias de hoje, a tolerância, definida peculiarmente por Marcuse considerando quem tolera e o que se tolera, nos seguintes termos:
« Liberating tolerance, then, would mean intolerance against movements from the Right and toleration of movements from the Left.»
Não surpreende que uns e outros, islamitas e marxistas, se entendam tão bem.
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