16.1.09

Reconhecer um milagre

Há, pelo menos, dois tipos de milagre: os que, de tão extraordinários, nos espantam - aos quais só não reconhecemos a natureza miraculosa por incredulidade; e os que, de tão frequentes, deixam de nos maravilhar, capazes que somos de a tudo nos habituarmos. O extraordinário acontecimento de ontem - a amaragem de emergência de um avião comercial com cerca de 150 pessoas a bordo no rio Hudson, sem vítimas mortais - não pode deixar de maravilhar um cristão e de suscitar nele a forte impressão de que se tratou de um milagre. Reconhecer um milagre não retira, nem um pouco, o mérito humano, heróico, ao piloto, nem deprecia as condições que favoreceram o resgate dos sobreviventes, concretamente o elevado número de embarcações que à hora do acidente navegavam no Hudson e que rapidamente acorreram ao local do acidente em socorro dos passageiros. Deus opera os milagres e chama os homens a cooperar com Ele. Nas Bodas de Caná, são os servos do noivo quem enche as talhas com água, seguindo, apesar da sua incredulidade, as instruções de Jesus. Nas multiplicações dos pães, são os discípulos que, instados pelo Mestre e mau grado o seu natural cepticismo, recolhem uma mão cheia de côdeas. Ao homem cabe cumprir o seu dever, fazer o que está certo; Deus faz o resto. O último, e talvez o mais importante, dos deveres do homem é ser capaz de reconhecer o milagre.

Sem comentários: