(...) [N]ão se presuma (...) que tudo são rosas e frutos doces. Portugal tem conhecido, a par do progresso e modernidade, factores de perturbação. Conhece a indiferença, o ateísmo, o indiferentismo, o racionalismo, o hedonismo, os atropelos à vida e à instituição familiar, o desnorte no plano ético, a miséria social. Vivemos imersos na “modernidade líquida”, onde as referências cristãs começam a liquefazer-se, fruto de uma campanha que nos quer situar no mundo dos retrógrados e ousa propor modelos comuns a outras mentalidades e apresentados como progressistas. Desconsidera-se a história e não se considera uma alma que a sociedade globalizada vai desvirtuando. Neste contexto e ambiente, os bispos das vinte dioceses e do Ordinariato Castrense estão empenhados em “repensar” uma pastoral marcada pelo testemunho de unidade e voltada para os novos desafios que a mudança civilizacional nos proporciona. Pretende-se dar prioridade à fé como encontro com o Ressuscitado. Apenas Ele é capaz de mudar a vida, enamorar os leigos e os sacerdotes e suscitar uma nova consciência missionária. Desejamos caminhar para um novo estilo de vida, marcado pelo compromisso e pela paixão ao nosso país, a necessitar de uma urgente reevangelização, nunca esquecendo a responsabilidade histórica de partir para outros continentes. Queremos ser esperança para todos os portugueses; comprometemo-nos na afirmação da ética e dos valores cristãos; prosseguimos os esforços para um revigoramento de uma fé capaz de dar sentido à vida e geradora de compromissos com as causas nobres, numa aliança entre a racionalidade e abertura ao mistério; testemunhamos a caridade de quem acredita que o amor a todos, sem discriminações de nenhuma espécie, gerará uma sociedade mais fraterna e justa, porque apostado em promover um desenvolvimento integral que, comprometido com todas as realidades humanas, as plenifica com a abertura às exigências do transcendente; não renunciamos ao direito de propor a dignidade familiar como expressão do amor de um homem e de uma mulher, orientada para a geração e educação, e como célula elementar e garantia de um futuro verdadeiramente humano e aberto à transcendência. Testemunhamos gratidão pela presença de Vossa Santidade e ousamos pedir e esperar palavras orientadoras (...) na certeza de que as incarnaremos nos nossos projectos diocesanos, para os quais solicitamos a Vossa Bênção Apostólica. Que Maria, Nossa Senhora de Fátima e Mãe da Igreja, seja o modelo para as nossas vidas e para as nossas comunidades, de modo a “guardarmos no coração” a Palavra de Deus e nos empenharmos com renovado entusiasmo a testemunhar “as maravilhas que Deus” – e só Ele – faz em nós, mesmo perante as nossas fragilidades e limitações. Que Ela seja alento, consolação e estímulo neste tempo de confronto com realidades que nos entristecem e corresponsabilizam. Da parte do Episcopado Português aceite, Santidade, a expressão de uma comunhão, efectiva e permanente, que reforçamos neste contexto da vida eclesial.
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