20.7.10

A Igreja na luta contra os totalitarismos na Itália dos anos 40

A história de Roberto Ronca

Por Omar Ebrahime

ROMA, segunda-feira, 19 de Julho de 2010 (ZENIT.org) – No imediato pós-guerra, a Itália se viu obrigada a fazer frente à ameaça concreta social-comunista: as eleições de 18 de Abril de 1948, as primeiras após anos de conflito, demarcaram uma verdadeira e própria batalha entre duas concepções do homem e do mundo profundamente antagónicas. De um lado, o mundo ocidental, livre e cristão, e do outro o mundo social-comunista, ligado a Moscovo e representado pela frente Popular, coligação entre o PC e o PSI.

Naquela ocasião a Democracia Cristã venceu com maioria relativa dos votos e a totalidade do assentos – fato único na história – inaugurando assim o que seria uma longa fase de governo. O que talvez poucos saibam é que a vitória foi possível graças a um grandioso esforço de mobilização popular promovido especialmente por dois homens: Luigi Gedda (1902-2000), vice-presidente da Acção Católica italiana e idealizador dos Comités Cívicos, e monsenhor Roberto Ronca (1901-1977), então reitor do Pontifício Seminário Maior em Roma, fundador e director do movimento cívico-político católico e anti-comunista “Unione Nazionale Civiltà Italica” (1946-1955).

Dom Ronca foi também protagonista de uma grandiosa operação de resgate de judeus e anti-fascistas que se refugiaram no Seminário Maior nos meses que antecederam a libertação de Roma das tropas nazistas.

A figura de Ronca foi oportunamente lembrada nos últimos dias com a publicação de um pequeno livro de autoria do jornalista e historiador católico Giuseppe Brienza, que inclui a primeira carta pastoral daquele que viria a ser bispo de Pompeia, homem de confiança de Pio XII (“Roberto Ronca, Lavorare e sacrificarsi per la gloria di Maria”, Edizioni Amicizia Cristiana, Chieti 2010, http://www.amiciziacristiana.it/).

O documento, publicado na Itália em 5 de Agosto de 1948, representou um corajoso testemunho de militância cristã, antecipando, com seu repúdio às “doutrinas falsas e subversivas”, o decreto de excomunhão dos comunistas, emitido em 1º de Julho de 1949 pela então Congregação do Santo Ofício.

A carta inicia com uma declaração de amor filial dirigida a Nossa Senhora, “Rainha das Vitórias”, seguida de uma homenagem dedicada a “nosso Pai comum”, o Sumo Pontífice Pio XII, Vigário de Cristo na terra. Assim fazendo, monsenhor Ronca mostrava a seus fiéis o verdadeiro sentido da vida cristã, a qual, fundamentada na Eucaristia, encontra suas outras fundamentações na devoção mariana e na obediência ao Papa e seu Magistério.

Se o objectivo do cristão é o de instaurar o “Reino de Cristo”, o caminho mais seguro passa pela imitação diária de Maria, Professora de Fé e Vencedora de todas as heresias. O Rosário, a “corrente” predilecta de Maria, torna-se então o meio mais precioso para a santificação pessoal, familiar e social, segundo o próprio ensinamento do fundador do Santuário de Pompeia, o futuro Beato Bartolo Longo (1841-1926).

Mas a carta permite apreciar também as qualidades de pregador, animador cultural e talvez até de profeta de monsenhor Ronca, que soube ver, com lúcido olhar, as consequências nefastas que a “opção religiosa” – e anti-política - da Acção Católica teria sobre todo o país.

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