21.9.11

Documentos secretos da Stasi: Ratzinger, “um feroz opositor”

Notícias como esta ajudam a explicar o ódio que a esquerda tem a Ratzinger, como aos homens da Igreja em geral.
Revelam também o grau de infiltração dos inimigos da Igreja no seu seio:

Amplify’d from www.zenit.org

Documentos secretos da Stasi: Ratzinger, “um feroz opositor”

Polícia secreta da antiga Alemanha Oriental espionou futuro papa

Por Edward Pentin

ROMA, segunda-feira, 19 de setembro de 2011 (ZENIT.org) – Em 1974, um Trabant sacolejava pelos campos da Turíngia, na Alemanha Oriental. Ao volante sentava-se o padre Joachim Wanke, assistente do seminário local, o único da Alemanha comunista. De carona, o professor Joseph Ratzinger. Os dois padres, escreve Rainer Erice, jornalista da rádio alemã Mitteldeutsche Rundfunk Thüringen (MDR), faziam uma excursão às históricas cidades de Jena e Weimar. Era um momento de descanso na breve visita do padre Ratzinger à República Democrática da Alemanha, onde daria uma série de palestras a estudantes e teólogos de Erfurt.

O que deu importância à visita, porém, é que ela marcou o começo da vigilância da Stasi, a polícia secreta da Alemanha Oriental, sobre o padre Ratzinger.

Que o professor Ratzinger foi espionado pelos informantes da Stasi já se sabia. Em 2005, revelou-se que os agentes da Alemanha do Leste tinham mantido arquivos sobre o agora eleito papa. Nesta semana, novos arquivos descobertos pelo MDR esclarecem um pouco mais o que a polícia secreta pensava do futuro pontífice e quem eram os informantes que o espionavam.

Os documentos revelam que, em 1974, aStasi era muito consciente de que o padre Ratzinger tinha futuro na Igreja, mas não havia espiões adequados para vigiá-lo. Tudo o que sabiam então, por um informante não oficial chamado Birke, empregado do bispo de Meissen, era que o professor Ratzinger tinha dado palestras sobre teologia moderna para estudantes e acadêmicos durante aquela visita.

Esforços renovados

À medida que o papel do professor crescia na Igreja, a polícia da Alemanha Oriental começou a se interessar mais pelas suas atividades, segundo o informe de Erice. Na época em que Dom Joseph Ratzinger, arcebispo de Munique, visitou Berlim, em 1978, para encontrar o cardeal Alfred Bengsch, presidente da Conferência Episcopal, o departamento de assuntos exteriores da segurança alemã oriental já tinha assumido a tarefa de espioná-lo com a ajuda de numerosos informantes não oficiais em ambas Alemanhas.

O serviço secreto da RDA considerava o professor Ratzinger como “conservador, reacionário e autoritário”, escreve Erice, e assumia que João Paulo II encarregara o então cardeal de organizar “a contrarrevolução na Polônia”. Outros documentos da Stasi revelam que Ratzinger era considerado “um dos mais ferozes opositores ao comunismo”; achavam que ele apoiava a dissuasão nuclear entre os blocos militares do Leste e do Oeste e que considerava o pacifismo “pouco realista”.

Mas Erice acrescenta que, apesar das “centenas de páginas” sobre Joseph Ratzinger, havia “pouca informação significativa”, e os informes individuais de espionagem estrangeira foram “destruídos quase na totalidade”. Os documentos descobertos se relacionam somente com “a informação básica do autor e o motivo pelo qual a informação foi reunida”.

Os documentos, no entanto, revelam detalhes interessantes sobre os agentes da Stasiencarregados de informar sobre Joseph Ratzinger. Erice escreve que “havia ao menos uma dúzia de empregados não oficiais” encarregados dessa tarefa. Estavam no grupo dois professores universitários da Alemanha Oriental considerados pela Stasicomo “de confiança”: o agente “Aurora”, professor de ateísmo científico em Jena e Warnemünde, e o agente “Lorac”, que trabalhava como professor de teologia em Leipzig. Além deles, o agente “Georg” estava no comitê executivo da Conferência Episcopal de Berlim e, aparentemente, era bem informado sobre os assuntos internos da Igreja.

Na Alemanha Ocidental, a rede da Stasi incluía um monge beneditino em Trier, cujo codinome era “Lichtblick” (Raio de Esperança). Lichtblick espionou para a Stasidurante décadas e, segundo Erice, “fez informes extensos e fiáveis sobre os acontecimentos no Vaticano”. Outro agente não oficial conhecido como “Antonius” era um jornalista da agência católica alemã de notícias, a KNA, que enviou para a Stasi vasta informação sobre o papa, o cardeal Ratzinger e o Vaticano.

Outro jornalista foi contratado em Munique com o codinome “Chamois”, enquanto um espião especialmente importante era um político da União Social Cristã e antigo confidente de Franz Josef Straus, que fora líder desse mesmo partido. O agente era chamado de “Lion” e “Trustworthy”. A rede ultrapassava as fronteiras da Alemanha. Na Itália, a Stasi empregou o agente “Bernd”, que fornecia informação sobre a política exterior da Santa Sé.

Tímido, mas encantador

Com todos esses informantes, a Stasi estava bem organizada quando Joseph Ratzinger viajou a Dresden em 1987, para um encontro com um grupo de católicos. “A Stasi fez um grande esforço para vigiar o encontro”, diz Erice, esforçando-se para que a vigilância passasse despercebida em especial na fronteira. “As forças de segurança receberam instruções para dar a ele um tratamento preferencial e educado quando cruzasse a fronteira”, dizem os informes, e acrescentam que incômodos como os registros de bagagem, usualmente aplicados aos visitantes ocidentais, “deveriam ser suprimidos”.

Apesar dos esforços, Erice diz que aStasicometeu erros básicos. Escreveu errado o nome da cidade natal do papa, Merkl em vez de Marktl. E, mesmo querendo retratá-lo negativamente, não conseguiram evitar algumas observações positivas. Além de louvar a sua grande inteligência, destacaram: “Ele pode parecer tímido no começo de uma conversa, mas tem um encanto que cativa”.

Bento XVI não é, evidentemente, o primeiro pontífice que passou boa parte da vida vigiado por agentes secretos. O beato João Paulo II foi espionado pela KGBe pela SB, polícia secreta polonesa. Segundo o estudo de George Weigel em seu recente livro “O final e o começo”, essas agências começaram a se interessar pelas atividades de Karol Wojtyla quando ele era bispo auxiliar de Cracóvia, em 1958.

Weigel recorda que, entre 1973 e 1974, as autoridades polonesas consideraram prender Karol Wojtyla com a acusação de sedição. A polícia secreta o perseguia em suas viagens e tentou comprometer os seus colaboradores mais próximos. E não foi apenas o papa quem esteve na sua mira: o próprio Vaticano também esteve.

“O que mais me surpreendeu foi a magnitude de seus esforços, que exigiram milhões de horas de trabalho e bilhões de dólares”, disse Weigel, em uma entrevista ao National Catholic Register no ano passado. “Também desconhecia a quantidade de vezes que as agências de inteligência soviética tentaram manipular o Concílio Vaticano II para seus propósitos e o quão inconsciente o Vaticano parecia ser disso (e continuou sendo até 1978).

As revelações dessa semana acontecem dias antes da visita de Estado que Bento XVI realizará à Alemanha, de 22 a 25 de setembro, que inclui uma visita a Erfurt. Nessa cidade, ele será recebido pelo atual bispo da diocese, seu guia na vista de 1974, Joachim Wanke.

Read more at www.zenit.org
 

Sem comentários: