19.9.10

Centro-direita vence; partido anti-islão elege deputados

Já começou a utilização abusiva da designação extrema-direita pelos jornais portugueses para classificar o Sverigedemokraterna (Democratas Suecos). Como sempre, não se esclarece os leitores e espectadores acerca dos pontos do programa do partido que justificam semelhante designação. O fenómeno é idêntico ao que sucede com o PVV de Gert Wilders na Holanda: uma agenda marcada por uma defesa inequívoca dos valores ocidentais e uma oposição frontal à imigração islâmica, basta para classificar estes partidos como de extrema-direita, apesar do facto de o PVV ser defensor do estado de Israel. A leviandade na classificação destes partidos leva muita gente, bem intencionada mas mal informada, a pô-los de parte e a considerá-los impróprios para receber o seu apoio e simpatia. Aguarda-se a todo o momento que alguns blogues portugueses de direita, sempre preocupados com a possibilidade de serem considerados racistas pela esquerda - e que vêm a praticar aquilo a que chamaria de "xenofobiofobia" (uma aversão irracional a tudo o que possa parecer xenófobo), se apressem a lamentar a subida da "extrema-direita" na Suécia, sem se darem ao trabalho de procurar conhecer o dito partido, aceitando bovinamente o que os media tradicionais lhes vendem.

Felizmente, os nossos receios não se confirmaram quanto ao partido vencedor das eleições.

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STOCKHOLM - Sweden’s election on Sunday looks to have produced a hung parliament, with the centre-right government winning but falling short of a majority due to an anti-immigrant party winning its first seats, TV polls showed.

One poll, by Swedish state broadcaster SVT, showed Prime Minister Fredrik Reinfeldt’s four-party “Alliance” coalition winning 49.1% of the vote compared with 45.1% for the centre-left opposition bloc.

But the far-right Sweden Democrats took 4.6% of the vote, according to the poll of voters leaving polling stations. That meant they were set to clear the 4% hurdle to hold seats in parliament and deprive the centre-right of a majority in the Riksdag.

Knut Hallberg, an economist at Swedbank, said it was too early to draw conclusions. But he added: “There will be uncertainty about the forming of [a] government and there will be drawn-out negotiations when the Alliance tries to secure a majority, presumably with the Green party.”

The Sweden Democrats denies they are racist but both main blocs have ruled out cooperating with them.

Mr. Reinfeldt has been aiming to be the first sitting centre-right leader to win re-election in Sweden, benefiting from one of Europe’s best economic recoveries and sound public finances plus tax cuts carried out over the last four years.

The rise in the traditionally tolerant Nordic country of the Sweden Democrats has followed a move away from their skinhead roots.

The party, which wants to curtail immigration and criticizes Muslims and Islam as un-Swedish, already has many seats in local councils. A breakthrough at national level would match a similar rise elsewhere in Europe for anti-immigrant parties.

Sweden has been among the most welcoming of European Union countries to immigrants seeking asylum or refugee status.

It took in people after the Balkan wars of the 1990s and was a favourite destination for Iraqis after the U.S. invasion.

A United Nations report on immigration in 2009 showed immigrants accounted for 14% of Sweden’s population, just above the 12.4% average for northern Europe.

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4 comentários:

Miguel Madeira disse...

"...basta para classificar estes partidos como de extrema-direita, apesar do facto de o PVV ser defensor do estado de Israel."

E? Há alguma coisa na definição de "extrema-direita" que faça isso incompatível com defender o estado de Israel?

Luís Cardoso disse...

Miguel Madeira! Há que tempos que não o via por aqui!
Então, mas isso é maneira de se entrar numa casa pequena, onde toda a gente se conhece e se estima? Nem dá as boas noites, nem nos felicita pelo nosso trabalho...
Que descortesia!
Adiante.

Embora não possa, com toda a honestidade, dizer que é para mim um prazer vê-lo por aqui, é com certeza uma honra.

Entrando na matéria: não sei. A que definição se refere?
Qual é a sua definição, ideologicamente, não relativamente ao posicionamento das outras categorias políticas (tipo à direita da direita)?

Se passarmos da definição para a observação da realidade, posso dizer-lhe que nunca vi um partido de extrema-direita que fosse filo-semita, filo-sionista, filo-judaico, etc. O que me leva a tirar a conclusão que o anti-semitismo e a oposição ao estado de Israel é como que a pedra-de-toque do extremismo de direita (e, já agora, de esquerda.)

Mas isto sou eu a falar. Suponho que a conclusão não seja absolutamente inabalável do ponto de vista lógico, e que o critério não seja universal.

Quanto ao SD sueco, o Miguel Noronha publicou um texto que dá conta de um passado neo-nazi de muitos dos seus dirigentes, o que, a confirmar-se, me leva a demarcar inequivocamente deles e a olhar com preocupação para o seu crescimento.
Observo, contudo, que essa informação é algo dissonante com o que fui apurando sobre o SD no http://tundratabloid.blogspot.com/ e no http://gatesofvienna.blogspot.com/, fontes que tenho por credíveis.

Volte sempre,

Miguel Madeira disse...

Luis Cardoso,

escrevi uma resposta mais elaborada ao seu comentário:

http://viasfacto.blogspot.com/2010/09/extrema-direita-os-judeus-e-israel.html

Luís Cardoso disse...

Caro Miguel,
li a entrada do seu blogue respeitante a uma suposta incompatibilidade por mim invocada entre ser de extrema-direita e filo-semita.

Pareceu-me sólida e convincente a sua explicação para o facto de a extrema-direita não gostar dos judeus.
A sua crítica à circularidade lógica da minha argumentação também tem fundamento; eu próprio já tinha reconhecido a fragilidade lógica dos meus argumentos.

Já os exemplos que dá de líderes ou figuras de proa da extrema-direita que são ao mesmo tempo filo-semitas são muito fracos, o que me leva a manter a minha convicção de que a questão é pedra-de-toque do que é ser de extrema-direita, tomando por válida a sua exposição sobre algumas características dessa corrente, que, segundo diz, admite o apoio a Israel, mas não a simpatia pelo judeu.

Se não, vejamos: o homem de Vichy em 1936 aplicou uma política anti-semita e em 1967 organizou manifestações pró-Israel. Estamos a falar de acontecimentos separados por 31 anos. Não lhe parece que o homem pode ter mudado de ideias? Ou que era, simplesmente, um oportunista, um vira-casacas, como outro que pontificaram em Vichy e depois se converteram a outras ideologias?

Quando ao Nick Griffin. Tem a certeza que era este o texto que queria apresentar para dar conta de uma mudança de posição de Griffin face à questão judaica, da passagem de um anti-semitismo típico da extrema-direita para um filo-semitismo? É que, se bem o li, o texto põe justamente em causa a sinceridade de algumas posições de Griffin tidas como filo-semitas, considerando que se trataria de puro oportunismo político, uma operação de maquilhagem para não ser visto como de extrema-direita - reforçando aliás a minha asserção: Griffin parece supor que se não parecer anti-semita e se deixar de negar a "Solução Final Para a Questão Judaica" dos Nacional-Socialistas (como terá feito nos anos 90) se apresentará com uma imagem mais moderada, menos de extrema-direita.

A questão original, porém, mantém-se: será o Sverigedemokraterna de extrema-direita?

Cumprimentos,