Mostrar mensagens com a etiqueta Direita playboy. Mostrar todas as mensagens
Mostrar mensagens com a etiqueta Direita playboy. Mostrar todas as mensagens

15.7.09

Nem toda a direita é extrema

Por ocasião das eleições para o Parlamento Europeu, o facto de o PVV (Partij voor de Vrijheid - Partido da Liberdade) de Gert Wilders ter sido o segundo mais votado levou a análises completamente desinformadas, não só nos mass media, mas também nos blogues (até em blogues de direita), as quais, em traços gerais, tratavam de considerar o PVV um partido de extrema-direita, sem chegar nunca a explicar exactamente a razão de tal classificação. Que os esquerdopatas façam semelhantes análises, não espanta. Que a direita as replique é triste e contraproducente, ainda que alguma direita goste de alinhar, num ou noutro ponto, com a esquerda, para mostrar que também é arejada. Vem isto a propósito de um artigo de A. Millar, publicado no Hudson New York, no qual, entre outras coisas, se comparam algumas posições do PVV com as dos partidos de extrema-direita - e, a talho de foice, dos islamistas. Alguns destaques:

«(...) The most excessive piece of propaganda I saw during the recent EU election period was an article on EUobserver.com about Geert Wilders’ Party for Freedom. Written by one Andrew Willis, and entitled “Netherlands embraces far right in EU elections,” the author decried the party as “far-Right” and “xenophobic.” This despite the fact that the Party for Freedom is a staunch defender of Israel, and that Wilders spent some of his youth in the

country, and still visits it regularly. Particularly troubling, however, was a photograph of a group of skinheads accompanying the text, along with the caption: “Neo-nazi youth look on as Geert Wilders campaigns in Leeuwarden, Netherlands.” The suggestion was of course that “neo-Nazi youth” are the real voters of the Party for Freedom, because the party is really neo-Nazi. Yet, nothing could be further from the truth (and curiously, there is not the slightest hint of Wilders or his party in the photograph). Although it opposes mass immigration, especially from Muslim countries, the Party for Freedom wants its immigrants to assimilate into Dutch society and enjoy the benefits of democracy and liberty. The party also ran on an essentially libertarian platform of defending women’s rights and protecting gays from street violence perpetrated by Muslim gangs (the extent of the latter problem was revealed last year after fashion model Mike Du Pree was dragged from the catwalk and assaulted by ten Muslim youths, shocking the Netherlands). Additionally, Wilders has been careful to distance himself from actual far-Right parties, for example, telling the Guardian last year that, “My allies are not [Jean-Marie] Le Pen or [Jorg] Haider, We'll never join up with the fascists and Mussolinis of Italy. I'm very afraid of being linked with the wrong rightist fascist groups.” Fascists, the far-Right, neo-Nazis and skinheads are not really fond of Israel, Jews, women’s rights, or gay rights. They are not interested in the West’s Judeo-Christian heritage, democracy, or freedom. As it turns out, they are fond of Islamism. Islamism and Nazism have had an on-off relationship since the 1930s. However, only last year Abraham H. Foxman, the National Director of the Anti-Defamation League, observed a “[…] burgeoning relationship of far-right and Muslim extremists who increasingly are working together to promote anti-Semitism and Holocaust denial.” The Holocaust is key to Islamist and neo-Nazi propaganda, and the latter has enthusiastically adopted the arguments of the former. If supporters of Israel are now portrayed as far-Right, the Jews are portrayed as the new Nazis, or “Zio-Nazis” by pro-Hamas agitators in Britain and Europe. At Durban II recently, a member of Iranian president Mahmoud Ahmadinejad's entourage even accosted Holocaust survivor and Nobel Peace Prize Laureate Elie Wiesel, and repeatedly screamed “Zionazi” at him. In this applied historical revisionism - Britain’s and Europe’s politicians and media - Muslims must be portrayed as the new Jews, and Palestine as the new or real Holocaust. (...) As Wilders said about the other parties in the Netherlands recently, they like to call themselves “progressive,” but “We [in the Party for Freedom] are doing their work. Why are we the largest party (in a poll held) on the website of (gay magazine) Gay Krant? Is anybody thinking? Because homosexuals experience the consequences of Islamisation every day in their neighbourhoods.” The other parties, he said, “should be combating […] the dire position of women, unbelievers and homosexuals.” I think we can safely say, these are not the sentiments of a politician on the “far-Right.” (...)»

29.2.08

A direita playboy

Dois excelentes artigos de Olavo de Carvalho publicados recentemente merecem leitura atenta e suscitam algumas reflexões. Um deles, intitulado Poligamia na Grã-Bretanha, parte da recente revelação de que, no Reino Unido, os indivíduos envolvidos em casamentos polígamos — leia-se, muçulmanos — receberão, da parte da segurança social, pensões tantas quantas as mulheres com quem estejam casados, o que corresponde, no mínimo, a um reconhecimento de facto da poligamia, ainda que no quadro legislativo continue a ser ilegal. Olavo de Carvalho descreve esta situação e relaciona-a com a insidiosa e suicida revolução cultural em curso. Para além do interesse do artigo em si mesmo, um outro ponto de interesse é, para mim, a ligação possível, até inevitável com o segundo artigo, sobre o futuro da direita no Brasil.

Aqui surge uma primeira reflexão: as semelhanças entre a realidade política brasileira, tal como descrita por Olavo de Carvalho, e a realidade política portuguesa são de tal ordem que não deixam de provocar espanto. Desse cenário destacaria a progressiva esquerdização cultural da sociedade e a ausência de alternativas credíveis à direita do espectro político. Uma segunda reflexão resulta da primeira: se a situação é tão semelhante nos seus problemas, as soluções podem ser semelhantes, e a reflexão de quem pensa à direita deve ser feita cá tendo em consideração a que lá se faz. Nesse sentido, a participação de Pedro Sette Câmara n’O Insurgente e a atenção prestada pela revista Atlântico a algumas figuras da direita cultural brasileira — refiro-me às entrevistas de Bruno Garschagen a Reinaldo Azevedo e Olavo de Carvalho, entre outros —, são trilhos que urge alargar e multiplicar.

Voltando aos artigos: no segundo, O futuro da direita, Olavo descreve uma direita que partilha com uma certa esquerda, que por cá designamos “esquerda caviar”, todo um programa cultural. As diferenças entre esta esquerda e aquela direita — para a qual proponho a designação “direita playboy” — situam-se apenas no plano económico e no peso do estado na sociedade. De resto, ambas deploram as raízes da civilização que lhes serviu de berço e onde livremente campeiam. Uma e outra usufruem da beleza e da protecção da cúpula de um edifício do qual destroem persistentemente os alicerces; ambas puxam lustro aos seus frisos e tratam de minar os seus alicerces. Não percebem que cúpula e frisos desabarão sobre eles próprios como resultado do seu empenho.

A direita playboy, em suma, não vislumbra que os valores mesmos que estima serão letra morta numa sociedade dominada pelo totalitarismo da esquerda materialista, a qual acabará por sucumbir à revolta dos seus aliados no combate contra a sociedade ocidental: os extremistas islâmicos.